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Verão dos Infiéis
- Dinah Silveira de Queiroz
- 210 Páginas
Sinopse
Em Verão dos infiéis, romance ambientado no Rio de Janeiro no final da década de 1960, Dinah Silveira de Queiroz narra um fim de semana chuvoso na vida de uma família de classe média abalada por questões psicológicas, religiosas e políticas num dos períodos mais turbulentos da história do Brasil.
A trama tem início com o pedido de ajuda de Valentina ao cunhado Domingos, que só chegará à cidade dentro de três dias. Ela é a matriarca viciada em comprimidos de benzedrina que, após tomá-los, se refugia no “mundo dos mortos”, no qual, em alucinações que envolvem a infância, reencontra a mãe e o tio já falecidos e tem os melhores momentos do dia. Moradora de Copacabana, seu marido, “delicado demais para viver num mundo de grosseria”, suicidou-se alguns anos antes, deixando-a com três filhos pequenos, os agora adultos Geraldo, Carminho e Aloísio, cada qual enfrentando um dilema distinto.
Numa narrativa marcada por encontros e reencontros, bem como por tempestades impiedosas, a escritora constrói um enredo que segue num crescendo e atinge proporções inesperadas. Um livro que mais uma vez comprova a genialidade de Dinah como romancista versátil, capaz de surpreender o leitor com uma história envolvente e repleta de críticas sociais.
MOTIVOS PARA LER ESTE LIVRO
1. É mais um exemplo da versatilidade de Dinah Silveira de Queiroz: a autora transitou com sucesso por todos os gêneros: o romance histórico, o romance urbano-contemporâneo, a fantasia, a ficção científica e a crônica.
2. Sucesso de público e crítica na ocasião de seu lançamento, em 1968, Dinah alcança em Verão dos infiéis a excelência de seus romances urbanos: alinhada ao
panorama político de seu tempo, à mudança dos costumes, aos diferentes estratos sociais e à linguagem popular. Nesta reedição do texto integral, foram incluídas notas e posfácio do historiador Rafael Domingos Oliveira a fim de contextualizar a obra.
3. Conjuga, com elegância e consistência, o intimismo da estética do nouveau roman, que explora fluxos de consciência dos personagens em vez de excessivas descrições físicas, com a objetividade para interpretar a realidade que Dinah adquiriu com sua longa experiência
como cronista.
4. Os dilemas de cada personagem se integram organicamente ao mundo exterior e às transformações políticas e sociais do Brasil da década de 1960, sobretudo o ambiente tenso dos primeiros anos da ditadura militar.
5. E a autora consegue articular com maestria todos os arcos narrativos, que se encontram em um final surpreendente. Entre os temas, destacam-se: “as expectativas sociais e os estereótipos que afetam a vida das mulheres, o impacto das decisões da alta política no nosso cotidiano, as mazelas que afligem a cidade do Rio de Janeiro, o papel da religião, a repressão policial a manifestações populares”, nas palavras do autor do posfácio.
ELOGIO
“[A autora] consegue, de maneira magistral, um equilíbrio entre intimismo e objetividade: os dramas pessoais dos personagens se integram perfeitamente à ação exterior, e a narrativa, que compreende três dias de um verão chuvoso na cidade do Rio de Janeiro, capta as mudanças sociais e políticas de um Brasil prestes a mergulhar ainda mais profundamente na noite escura de um estado de exceção.” — Luiz Ruffato
SOBRE A AUTORA
Nasceu em 1911, na cidade de São Paulo, em uma família profundamente dedicada às letras. Seu primeiro livro, Floradas na Serra, lançado em 1939, tornou-se de imediato um best-seller — a primeira edição esgotou-se em pouco mais de um mês. A obra de Dinah abrange romances, crônicas, contos, artigos e dramaturgia — e a ficção científica nacional teve na autora uma pioneira, uma vez que foi das primeiras escritoras a publicar dois livros de contos nesse gênero: Eles herdarão a terra (1960) e Comba Malina (1969). Faleceu em 1982, aos 71 anos.