A Ressureicao de Cristo

Acomodei-me no espaçoso assento de trás do Cadil ac, forrado de veludo preto, e consultei meu Ômega. Segundo o pessoal de relações públicas responsável por minha toumée, levaríamos no mínimo 50 minutos para chegar aos estúdios da NBC em Burbank, com aquele tráfego de fim de tarde. Era o maior acontecimento, o clímax perfeito, depois de três semanas de entrevistas a jornais, apresentações ao vivo em programas de rádio e de televisão e noites de autógrafos em livrarias, de uma costa a outra da América. Se eu ao menos imaginasse que importância essa noite iria assumir em minha vida, talvez tivesse ficado em meu quarto, no Century Plaza, após dar duas voltas na fechadura, assistindo de pijama à televisão. — Já esteve alguma vez no programa de Johnny Carson, Sr. Lawrence? Fiz que não com a cabeça, fitando os olhos castanhos, bastante curiosos, que me olhavam de esguelha pelo espelho retrovisor. Embora estivesse me dirigindo à sexagésima primeira apresentação ao vivo em vinte dias, era a primeira vez que me sentia tenso. Já havia conseguido manter um certo controle no programa de Donahue, discutir com Merv, trocar piadinhas com Snyder e até mesmo conversar com Dinah, de mãos dadas. Então, por que o medo agora?