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Uma Planície Sombria

Sinopse

Theo subia desde madrugada; primeiro as íngremes estradas, veredas e caminhos de cabras por trás da cidade, depois as encostas de cascalho solto e por fim a vertente nua da montanha, atendo-se onde podia a fendas e falhas por onde se estendiam sombras azuis. O Sol já ia alto quando chegou ao cume. Parou por um momento para beber água e recuperar O fôlego. À sua volta as montanhas tremiam tapadas pela névoa de calor que se elevava das pedras quentes. Com muito, muito cuidado, Theo subiu para uma língua de rocha que se projetava do cume da montanha. De cada lado, penhascos abruptos desciam a pique centenas de metros para uma confusão de rochas pontiagudas; árvores; rios brancos. Uma pedra, deslocada, caiu silenciosamente, rebolando, para sempre. À sua frente, Theo via apenas o céu limpo. Endireitou-se, respirou fundo, correu os últimos metros para a borda da rocha e saltou. Cortou o ar, sempre a descer, ofuscado pelo piscar de montanha e céu, montanha e céu. Os ecos do seu primeiro grito caíram no silêncio e ele só conseguia ouvir as batidas aceleradas do coração e a rajada de ar nos ouvidos. Tombando no vento, saiu da sombra do penhasco para a luz do sol, e vislumbrou em baixo — muito em baixo — a sua terra, a cidade estática de Zagwa. Dali de cima, as cúpulas de cobre e as casas pintadas pareciam brinquedos; os dirigíveis entrando e saindo do porto eram pétalas sopradas pelo vento; o rio serpenteando pelo desfiladeiro, um fio de prata.

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