Pelos Olhos de Maisie
- Henry James
- 432 Páginas
Sinopse
A separação de seus pais gerou uma situação inusitada para Maisie. Apesar de a guarda ter sido concedida ao pai, acabou sendo estabelecido que a menina ficaria com os dois. Dividida, Maisie vira um joguete na mão do casal e, aos poucos, expõe os contrastes, entre virtudes e defeitos, entre inocência e cinismo, de ambas as partes — ao mesmo tempo em que descobre um modo próprio de ver o mundo.A personagem está num lugar privilegiado para Henry James contar esta história admirável, feita de objetividade narrativa, observação detalhada e sutil ironia. Maisie já não é criança, mas ainda não é adulta. Situa-se ao mesmo tempo dentro e fora da trama. Por isso, sua vida ilumina e desvela costumes, princípios e fraquezas de uma família desagregada e de uma sociedade movediça. Escrito na fase mais fértil da carreira de Henry James, o romance está entre as grandes realizações do autor. Esta edição traz, entre outros aparatos, o prefácio que o próprio autor escreveu, em 1908, para a “New York Edition” de suas obras, extraordinário depoimento em que comenta seu método de trabalho e o processo de construção do romance. “Estudavam, a governanta e sua aluna, várias ‘matérias’, porém muitas delas eram adiadas de uma semana para a outra, de modo que jamais chegava-se a elas; a sra. Wix limitava-se a dizer: ‘Isto vamos ver no momento apropriado’. A ordem por ela seguida era um círculo tão vasto quanto o globo inexplorado. Faltava-lhe o espírito de aventura — a criança percebia quantas matérias ela temia. Refugiava-se no terreno mais sólido da ficção, por onde de fato serpenteava o rio azul da verdade. Conhecia histórias aos montes, principalmente as dos romances que lera, e contava-as com uma memória que jamais vacilava, e com uma riqueza de detalhes que deliciava Maisie. Todas elas versavam sobre amor, beleza, condessas e perversidades. Ouvi-la era ouvir uma narrativa quase infinita, um imenso jardim de fantasia, com súbitas vistas de sua própria vida e fontes abundantes de prosaísmo. Eram esses os trechos onde mais se demoravam; a governanta levava a criança a refazer, em sua companhia, passo a passo, o longo e desgracioso caminho de sua existência, e considerá-lo algo mais extraordinário que qualquer história de magia e monstros. Sua aluna formou imagens vívidas de todos aqueles que haviam, como ela própria dizia, esbarrado nela — alguns com tanta força! —, todos menos o sr. Wix, seu marido, a respeito do qual a única coisa que se limitou a dizer foi que ele tinha morrido havia séculos. Fora uma presença curiosamente ausente na vida de sua esposa, a qual jamais levou Maisie para ver sua sepultura.”