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As Muitas Faces da História
- Maria Lúcia Garcia Pallares
- 425 Páginas
Sinopse
André Gide (1869-1951), autor que, a fim de expor suas ideias de um modo informal, direto e pessoal, gostava de incorporar um interlocutor em suas obras, pôs as seguintes palavras na boca do seu "entrevistador imaginário": "Os leitores não ficaram contentes... É minha culpa; eu deveria tê-lo interrogado melhor. Seu pensamento, como o expôs, pode ser encontrado em seus livros. O papel de um entrevistador é o de forçar a intimidade; é o de o levar a falar sobre o que não falaria por si mesmo".1
Ao fazer estas entrevistas, meu objetivo foi, em parte, exatamente este: fazer que cada um dos historiadores aqui reunidos revelasse coisas que a leitura de seus textos não revela, ou não revela tão claramente; estimulá-los a explicitar o que, por estar muitas vezes implícito ou pressuposto em seus trabalhos, se torna inacessível aos leitores. E, como sugere a própria palavra entrevista - que deriva do francês entrevoir, significando vislumbrar, ver brevemente, de relance ou perceber e entender vagamente -, esse é um gênero fluido, cuja convenção é a informalidade e cujo produto é relativamente desestruturado e assistemático. Assim, ao contrário do trabalho acadêmico acabado e coeso, a entrevista pode ser vista como uma espécie de gênero intermediário entre o pensamento e a escrita elaborada, como um gênero capaz de apreender a ideia em movimento e, nesse sentido, como algo que pode ser considerado não um substituto, mas sim um complemento aos textos mais estruturados.



