Ligados pelo Destino

As principais ruas do centro da cidade sempre ficavam caóticas naquela época do ano, mas era um dos momentos em que eu mais gostava de sair da floresta, justamente por saber que ninguém estava preocupado o suficiente com qualquer outra coisa que não fosse sua própria alegria e vontade de se divertir. O Dia dos Mortos era uma comemoração tipicamente humana, a qual os elfos, com o passar do tempo, também acabaram se adaptando. Dizem que séculos atrás costumavam dar grandes festas que entravam noite adentro, mas nunca cheguei a presenciar nada disso. Quando nasci, os principais clãs tinham sido extintos e agora só restavam os semis, pessoas como eu, resultados dos cruzamentos entre elfos e humanos. Eu vivia na Floresta Alaramanar, no sul de Litopanae, desde meu nascimento. Minha mãe morreu durante o parto, exatamente como acontecia com a maioria das humanas que geravam semis em seus úteros, pois nossa energia costumava ser demais para suportarem ao darem à luz. Nunca soube quem era meu pai e fui criada pelos mais velhos que viviam em Alaramanar, junto com a minha melhor amiga Kassandra. Tínhamos a mesma idade, então ficávamos sempre juntas desde que fomos para o orfanato ainda bebês. Foi ela quem me fez parar de andar ao segurar meu braço, e sua mão se esticou quando precisou mexer em meus cabelos para arrumá-los sobre a minha orelha.