Diamante - Uma Cidade

A cidade de Diamante está mais para povoado do que para cidade. Incrustada nos contrafortes da Chapada Diamantina, já fora um local pujante na época do garimpo de diamantes. Tivera mais de quinze mil habitantes oficiais e, caso se considerasse os forasteiros e aventureiros que por lá passaram, tivera trinta mil ou mais. Uma época que, em pleno 1945, deixou saudades em muitos de seus atuais três mil, trezentos e trinta e três moradores. Uma cidade distribuída pelos extremos. Ou muito velhos. Ou muito jovens. No meio, apenas umas seiscentas pessoas. Ali, o tempo passava modorrento, marcado pelo nascer do sol e o anoitecer. Os jovens debandavam cedo, se mandando para cidades maiores. Salvador era apenas uma miragem de tão distante. Assim que podiam, pegavam a estradinha de terra batida e cascalho, partindo em busca de estudo e trabalho. Poucos voltavam. Preferiam, assim que possível, mandar dinheiro para os que ficavam. E já que a cidade não tinha nenhuma agência bancária, era preciso viajar quase noventa quilômetros para ter acesso ao bem-vindo dinheiro. Em geral, usavam sua melhor comunicação com o exterior para recebê-lo: os Correios. Não tinham hospital.