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Declinio de um Homem

Sinopse

A curta passagem pela vida do escritor japonês Osamu Dazai — suicidou-se aos 38 anos de idade — não o impediu de se transformar num autor bastante popular. Declínio de um homem , editado pela primeira vez no Brasil, vendeu mais de 10 milhões de exemplares desde sua publicação original, em 1948. A obra sintetiza em cenas e passagens notoriamente biográficas muitas das angústias que tanto alimentavam a personalidade autodestrutiva do autor, a saber: a dificuldade de entendimento com seus familiares, sua antissociabilidade niilista, seu patológico apego ao álcool — vício do qual nunca conseguiu se livrar —, sua autoestima inexistente, enfim, sua evidente sensação de deslocamento em relação ao mundo — como se tivesse sido enviado à existência por mero descuido. O livro é estruturado em três cadernos, nos quais o autor, por meio do personagem alter ego Yozo — um jovem estudante provinciano que tenta sobreviver na capital Tóquio — relata em primeira pessoa diversos episódios sobre as hostilidades da vida que ele tem de enfrentar. Yozo é um depressivo contumaz cuja tristeza se espraia nele como uma metástase, contaminando suas energias e impedindo-o de recuperar uma alegria de viver que, na verdade, nunca sentiu. Se a princípio o jovem Yozo até se esforça para "ser aceito" pelos outros, esse esforço mascara uma dificuldade que lhe é atroz: sem a personalidade própria dos carismáticos, o rapaz recorre ao estratagema de fazer "palhaçadas", de modo a parecer divertido aos olhos de outrem. As momices, que podem incluir até esforços físicos — levar um tombo, por exemplo — muitas vezes funcionam, mas, quando desmascaradas, traumatizam ainda mais o personagem. Afastado da família, e com dificuldades financeiras, ele sobrevive escrevendo histórias e fazendo desenhos de qualidade duvidosa — e com incursões na pornografia — para alguns periódicos populares. Nem mesmo as mulheres que se apaixonam por ele o fazem minimamente feliz, de modo que, com o passar do tempo, as manias de Yozo se tornam cada vez mais perturbadoras, pintando-o como um "jovem Werther japonês". O êxito editorial de Declínio de um homem talvez possa ser explicado pela maneira catártica com que Dazai escreve: diferentemente de seus pares mais tradicionais da literatura japonesa, em geral caracterizados pela sutileza e por tons etéreos, Dazai escreve com as vísceras, não se importando em trazer à tona fantasmas interiores mais obscuros. Sua escrita angustiada o coloca numa posição especial dentro do mapa da literatura nipônica.