O Coração de Avalon

Eu amava Colin MacLaren? É uma pergunta estranha, mas suponho que o mundo teria que a fazer, partindo do princípio que sabia da nossa existência - ou se, ainda que soubesse, tivesse algum interesse nisso. É um facto que ele foi a única constante na minha vida, permanecendo para além de qualquer emprego ou residência e sobrevivendo até ao meu amado Peter. Quando conheci o Colin, mal tinha saído da adolescência; era uma jovem mulher, sozinha pela primeira vez num mundo que mudou de tal forma nos últimos quarenta anos que, para um contemporâneo, os anos sessenta pareceriam um país estrangeiro. Era um mundo onde as mulheres sabiam qual era o seu lugar e em que, na maioria das vezes, se punham no seu lugar - um mundo onde o progresso era inevitável e toda e qualquer mudança era para melhor. Nós - a América e os Aliados - tínhamos ganho ainda não havia muito tempo, tal como acreditávamos na altura, a guerra contra o mal. Foi essa a guerra que moldou as vidas da geração do após-guerra, embora eu e as minhas irmãs tivéssemos crescido a ouvir falar, não da Segunda Guerra Mundial, mas de um outro conflito, o da Coreia. Naquela altura ambos os conflitos pareciam ter sido guerras honrosas com vitórias decisivas para aquilo que na altura apelidávamos de ”nosso modo de vida”, embora com o passar dos anos tenham surgido argumentos contra a justiça e a finalidade não só dessas guerras, mas também da Guerra do Vietname, da Guerra do Golfo e das centenas de conflitos mais pequenos que desde então surgiram nos quatro cantos do Globo.