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Contrastes e Confrontos
- Euclides da Cunha
- 191 Páginas
Sinopse
Contrastes e Confrontos”: Trata-se de uma coletânea de artigos saídos em sua maioria, originalmente, na imprensa. Foram escritos por volta de 1904 e organizados por um editor de Portugal. Entre os vários artigos há alguns de grande interesse: “Plano de uma Cruzada”: o tema desse artigo é a seca.
Vemos um Euclides preocupado com a ecologia. Ele critica a nossa incapacidade criadora de combater a seca, principalmente por ser um fenômeno previsível. “As secas do extremo norte delatam impressionadoramente, a nossa imprevidência, embora sejam o único fato de toda a nossa vida nacional ao qual se possa aplicar o princípio da previsão”.
Euclides apresenta várias sugestões que formariam um plano estratégico desta cruzada contra o deserto. Sugeriu “a açudada largamente disseminada” – em virtude dos vales e aproveitando as corredeiras das montanhas que a própria erosão transformou em grandes covas; “a arborização em vasta escala” com vegetais que sejam apropriados para aquele clima rude do sertão; “as estradas de ferro de traçados adrede dispostos ao deslocamento rápido das gentes flageladas”; “os poços artesianos, nos pontos em que a estrutura granítica do solo não apresentar dificuldades insuperáveis”.
As soluções apresentadas por Euclides da Cunha mostram que ele tinha profundo conhecimento do que falava e era muito interessado nesses assuntos.
Num outro artigo do livro “Contrastes e Confrontos”, “Fazedores de Desertos”, vemos também a preocupação de Euclides da Cunha, isso em 1904, com o problema da seca e da ecologia. Critica o desmatamento, a queimada de árvores para obtenção de combustível único das nossas locomotivas. Euclides critica a ação devastadora do homem que não se preocupa com o mundo em que vive.
Vemos sua posição neste trecho “Temos sido um agente nefasto e um elemento de antagonismo terrivelmente bárbaro da própria natureza que nos rodeia”.
Outro artigo que merece destaque é “Um Velho Problema” – artigo escrito a 1º de maio de 1904 a propósito do Dia do Trabalho. Disserta ele sobre questões trabalhistas; fala sobre o capital, o trabalho, a produção, o uso da terra e, numa época em que ninguém tinha coragem de abordar o assunto. Ele afirma: “A força única da produção é o trabalho. A terra, as máquinas, o capital não produzem sem o braço do operário”. É, portanto, um artigo que aborda questões sociais e defende o direito de greve do trabalhador.
Muitos outros assuntos ainda foram tratados por Euclides da Cunha em “Contrastes e Confrontos”.