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Classicos do Sobrenatural

Sinopse

Estamos sós. Uma poltrona confortável, um abajur à meia-luz - melhor ainda: luz de vela -, lá fora a noite - de preferência chuvosa. Eis o cenário perfeito para ler histórias do sobrenatural. Daquelas que nos fazem, involuntariamente, desviar da página os olhos e perscrutar os cantos da sala envoltos em sombras suspeitas, momentos dos quais geralmente nos recobramos, tomados de uma súbita vergonha de nossa sensibilidade exacerbada pela imaginação. Resquícios de medos ancestrais, reprimidos pela nossa vã filosofia: de tais frutos alimenta-se o prazer proporcionado pelas histórias do sobrenatural. Nascidas do romance gótico - que, a partir de meados do século XVIII, não cessou de ganhar adeptos e leitores fiéis -, elas proliferam há mais de duzentos anos, seja na forma mais tradicional, com fantasmas e seres fantásticos, seja na forma de histórias de detetives, ou ainda, mais recentemente, em narrativas que montam um cenário futuro ameaçador, do tipo Blade Runner. Seu sucesso entre os leitores de gosto menos sofisticado - e em boa parte já preparados por narrativas orais tradicionais - explica, aliás, sua presença já nos primeiros anos do entretenimento cinematográfico. Mas o gênero foi igualmente cultivado por escritores consagrados pela crítica literária, que exploraram suas possibilidades narrativas. Principalmente as que envolvem o jogo com a capacidade de convencimento do leitor, mediante recursos que sublinham a indefinição quanto ao narrado e criam uma "zona crepuscular" na qual tudo pode acontecer. Até mesmo o inverossímil.